Existiram, e ainda existem, muitas mulheres na música. A música é um reflexo da alma humana, um espaço onde emoções, revoluções e identidades se encontram.
No rock e na música pop dos séculos XX e XXI, as mulheres marcaram presença e redefiniram gêneros com vozes únicas, composições inovadoras e atitudes que desafiaram convenções. De Rita Lee a Aretha Franklin, de Janis Joplin a Cher, essas artistas enfrentam machismo, racismo e estereótipos para criar legados que inspiram até hoje.
Suas histórias, contadas em biografias cativantes, revelam não só suas conquistas musicais, mas também suas lutas pessoais, paixões e resiliência.
Vamos explorar o impacto dessas mulheres no rock e pop, analisamos seis biografias que narram suas trajetórias e falamos sobre o apagamento histórico de muitas artistas. Para complementar, trazemos uma playlist com os maiores sucessos dessas lendas, convidando você a ouvir suas vozes enquanto mergulha em suas histórias.
O Papel das Mulheres no Rock e na Música Pop
No século XX, o rock e a música pop eram territórios dominados por homens, onde as mulheres muitas vezes eram relegadas a papéis secundários, como backing vocals ou figuras decorativas no palco. No entanto, artistas como Janis Joplin, Aretha Franklin e Rita Lee romperam essas barreiras com talento avassalador.
Nos anos 60, Janis Joplin trouxe uma energia crua ao rock psicodélico, com sua voz rouca e performances que misturavam vulnerabilidade e intensidade. Ela desafiou as normas do gênero da época, mostrando que uma mulher poderia liderar uma banda de rock com a mesma força que qualquer homem, influenciando as futuras gerações, de Joan Jett a Courtney Love.
Aretha Franklin, conhecida como a “Rainha do Soul”, transformou o soul e o R&B com sua voz poderosa e interpretações repletas de emoção. Sua versão de Respect (1967), originalmente de Otis Redding, tornou-se um hino feminista e de luta pelos direitos civis, ressoando como um grito de liberdade.
No Brasil, Rita Lee, com Os Mutantes e sua carreira solo, revolucionou o rock nacional, misturando tropicália, humor e crítica social. Suas letras irreverentes, como em Ovelha Negra, deram voz a uma geração que buscava liberdade em meio à ditadura militar.
No século XXI, o legado dessas pioneiras é evidente. Beyoncé, por exemplo, carrega a influência de Aretha Franklin, usando sua música para abordar questões de raça, gênero e empoderamento. No Brasil, Pitty e Fernanda Takai refletem o impacto de Rita Lee, enquanto bandas como HAIM e cantoras como St. Vincent ecoam a experimentação de Kim Gordon, do Sonic Youth. Cher, com sua capacidade de se reinventar, atraiu artistas pop como Lady Gaga, que combinam música, moda e performance em narrativas visuais.
Apesar dessas conquistas, as mulheres na música enfrentaram e ainda enfrentam desafios. O machismo na indústria frequentemente limitava a mulher a estereótipos, como a “diva” ou a “rebelde”, enquanto suas contribuições técnicas, como composição e produção, eram subvalorizadas. Bandas femininas como The Runaways sofreram com críticas que focavam mais em sua aparência do que em seu talento, e artistas negras, como Aretha, enfrentaram o racismo estrutural.
Mesmo hoje, mulheres como Taylor Swift ou Billie Eilish lidam com escrutínio desproporcional em comparação com homens. As biografias que analisamos a seguir são fundamentais para resgatar essas histórias, celebrando o impacto desses artistas e contextualizando suas lutas.

Legados em Páginas: Biografias de Mulheres na Música
Rita Lee: Uma Autobiografia (Editora Globo, 2016, Rita Lee)
Rita Lee: Uma Autobiografia, publicada pela Editora Globo em 2016, é um relato vibrante e sincero da vida da “Rainha do Rock Brasileiro”.
Escrito pela própria Rita Lee, o livro traça sua jornada desde a infância em São Paulo, onde cresceu em uma família ítalo-brasileira, até sua consagração como ícone do rock e pop nacional. Rita narra sua experiência com Os Mutantes, banda pioneira do tropicalismo, e o impacto de sua saída traumática do grupo, marcada por desentendimentos e machismo.
O livro também aborda sua prisão durante a ditadura militar, em 1976, um episódio que reflete o clima repressivo da época. Com humor característico, Rita fala de sua parceria com Roberto de Carvalho, tanto no amor quanto na música, e de momentos pessoais, como a maternidade e sua luta contra o câncer. A narrativa é repleta de anedotas, como suas aventuras na contracultura dos anos 60, e inclui fotos e recordações que enriquecem a leitura.
Ideal para fãs de rock nacional e leitores que buscam uma história inspirada, o livro captura a essência de uma mulher que desafiou convenções e abriu portas para outras artistas brasileiras.
A Garota da Banda (Editora Fábrica231, 2015, Kim Gordon)
A Garota da Banda, lançada pela Fábrica231 em 2015, é uma autobiografia de Kim Gordon, baixista e vocalista do Sonic Youth, uma das bandas mais influentes do rock alternativo.
A narrativa começa com o fim do Sonic Youth e de seu casamento com Thurston Moore, oferecendo uma reflexão honesta sobre perdas e recomeços. Kim conta sua trajetória desde a infância em Los Angeles, onde se envolveu com artes visuais, até sua chegada ao efervescente cenário underground de Nova York nos anos 80. Ela descreve como o Sonic Youth revolucionou o rock com experimentações sonoras, e reflete sobre os desafios de ser mulher em um meio dominado por homens, onde muitas vezes era vista apenas como “a garota da banda”.
O livro também explora sua paixão pela arte, sua visão feminista e sua experiência como mãe. A tradução de Alexandre Matias e Mariana Moreira Matias mantém a voz crua e introspectiva de Kim, e a edição brasileira é elogiada pelo design e pela inclusão de imagens.
É uma leitura indispensável para fãs de rock alternativo, feminismo e histórias de resiliência.
Só Garotos (Companhia das Letras, 2010, Patti Smith)
Só Garotos (Just Kids), publicado pela Companhia das Letras em 2010, é uma autobiografia poética de Patti Smith, ícone do punk rock.
O livro narra sua juventude nos anos 60 e 70 em Nova York, focando em sua relação com o fotógrafo Robert Mapplethorpe, uma mistura de amor, amizade e colaboração artística. Patti descreve sua transformação de poeta iniciante em uma das vozes mais influentes do punk, com o álbum Horses (1975) marcando sua estreia.
Uma narrativa que captura a energia do underground nova-iorquino, com encontros em locais icônicos como o Chelsea Hotel e o clube CBGB, onde figuras como Andy Warhol e Lou Reed circulavam. A prosa de Patti é lírica e evocativa, transformando o livro em uma ode à criatividade e à juventude.
A edição brasileira é enriquecida com fotos de Mapplethorpe, que complementam a história. Este livro é perfeito para quem ama punk, poesia e histórias de amor e arte.
Respect: A Vida de Aretha Franklin (Belas Letras, 2015, David Ritz)
Respect, lançado pelas Belas Letras em 2024, é a biografia definitiva de Aretha Franklin, escrita por David Ritz, que colaborou com a artista em várias canções.
O livro traça a vida da “Rainha do Soul”, desde sua infância em Memphis, onde cantava gospel na igreja de seu pai, até sua consagração como ícone do soul e R&B. Ritz detalhou como Aretha transformou Respect em um hino de empoderamento, além de sua contribuição para o movimento dos direitos civis.
O livro também aborda os desafios pessoais de Aretha, incluindo relacionamentos abusivos, lutas com o peso e problemas de saúde. Com base em entrevistas e pesquisa minuciosa, Ritz oferece um retrato completo de uma mulher cuja voz mudou a música.
A edição brasileira é elogiada pela tradução fluida e pelo design elegante. É uma leitura essencial para fãs de soul, R&B e histórias de superação.
Com Amor, Janis (Belas Letras, 2020, Laura Joplin)
Com Amor, Janis, publicado pelas Belas Letras em 2020, é uma biografia escrita por Laura Joplin, irmã de Janis Joplin.
O livro oferece uma visão íntima da lenda do rock psicodélico, desde sua juventude rebelde no Texas até sua ascensão meteórica nos anos 60. Laura combina memórias pessoais com cartas de Janis, revelando sua sensibilidade, humor e lutas contra o vício.
A biografia destaca o impacto de Janis no rock, com canções como Piece of My Heart e Me e Bobby McGee , e sua influência em romper barreiras de gênero. O livro também explora a relação de Janis com sua família e sua busca por fácil em um mundo que nem sempre a entendia.
A edição brasileira inclui fotos raras e um design que reflete a energia dos anos 60. É uma leitura emocionante para fãs de rock, blues e histórias humanas.
Cher: Uma Biografia (HarperCollins Brasil, 2025, J. Randy Taraborrelli)
Cher: A Biografia, publicada pela HarperCollins Brasil em 2025, é uma biografia detalhada escrita por J. Randy Taraborrelli.
O livro narra a vida de Cher, desde seus dias como metade da dupla Sonny & Cher até sua carreira solo e sua consagração como atriz premiada com um Oscar. Taraborrelli explora como Cher se reinventou ao longo de décadas, do folk-pop dos anos 60 ao dance-pop de Believe nos anos 90.
O livro aborda seus desafios pessoais, como os problemas de Sonny Bono, dificuldades financeiras e o escrutínio da mídia sobre sua imagem. A biografia também destaca sua influência na moda e na cultura pop, consolidando-a como um ícone de resiliência.
A edição brasileira, recém-lançada, traz uma tradução fluida que mantém o tom envolvente do original, tornando-a acessível para fãs brasileiros de música pop e histórias de superação.
A Importância Dessas Mulheres e o Apagamento na História
Rita Lee, Kim Gordon, Patti Smith, Aretha Franklin, Janis Joplin e Cher não realizaram apenas músicas memoráveis, elas também transformaram a cultura.
Rita Lee abriu caminho para o rock brasileiro, influenciando artistas como Marisa Monte e Anitta. Kim Gordon, com o Sonic Youth, moldou o rock alternativo, inspirando bandas como Sleater-Kinney. Patti Smith trouxe poesia ao punk, influenciando artistas como PJ Harvey. Aretha Franklin deu voz ao movimento dos direitos civis, enquanto Janis Joplin contestou estereótipos de gênero no rock. Cher, com suas características, redefiniu o que significa ser uma estrela pop.
No entanto, a história da música muitas vezes apagou ou minimizou as contribuições de mulheres. Sister Rosetta Tharpe, pioneira do rock com sua guitarra elétrica, mencionada ao lado de ícones como Chuck Berry. Ma Rainey, a “Mãe do Blues”, e Billie Holiday, lenda do jazz, tiveram suas carreiras ofuscadas por narrativas que destacaram mais suas vidas pessoais do que seu talento. Ainda hoje, artistas como H.E.R. ou Alicia Keys enfrentam desafios para serem reconhecidas além dos estereótipos.
Essas biografias são cruciais para resgatar essas histórias, destacando as barreiras que essas mulheres superaram e seu impacto duradouro.
Playlist: As Vozes que Fizeram História
Para sentir a força dessas artistas, criamos uma playlist no Spotify com seus maiores sucessos. Estas canções capturam a essência de suas carreiras revolucionárias.
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Curiosidade: Você sabia que Respect de Aretha Franklin foi originalmente escrita por Otis Redding, mas ela a transformou em um hino feminista?
Conclusão
As mulheres apresentadas nestas biografias — Rita Lee, Kim Gordon, Patti Smith, Aretha Franklin, Janis Joplin e Cher — fizeram mais do que criar música; elas desafiaram normas, superaram barreiras e deixaram legados imortais.
Seus livros revelam as vitórias e os desafios por trás de suas artes, resgatando histórias que muitas vezes foram apagadas. Ao ler suas biografias e ouvir suas canções, celebramos seu talento e sua coragem em um mundo que nem sempre foi amigável a elas.
Essas histórias inspiram você a refletir e apoiar as mulheres que continuam a transformar a música e a cultura.
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Amante de livros, músicas e filmes desde que me conheço por gente.
Livreira há muitos anos.
Criadora e redatora chefe do Meu Momento Cultural.
A minha vontade de dividir essa paixão, me trouxe até aqui.
Olha, que delícia de leitura! Já anotei seu cupom. Vale a pena a ler.
Para quem gosta de música e biografias, são dicas muito boas! Boa leitura!!!