25 melhores livros de literatura brasileira do século 21

25 Melhores Livros Brasileiros do Século 21: Literatura e Representatividade

Literatura

Os 25 melhores livros brasileiros do século 21 mostram que a literatura brasileira atual reflete a diversidade cultural e as questões sociais do país.  

Esta semana, mais precisamente dia 26 de maio de 2025, a Folha de S.Paulo publicou uma lista com os 25 melhores livros de ficção brasileiros lançados após 01º de janeiro de 2001, destacando obras que abordam raça, classe, gênero e identidade.  

O texto a seguir explora a criação da lista, os votantes envolvidos, os 25 livros selecionados, a representatividade de autores negros nos primeiros lugares, resenhas dos cinco primeiros colocados e a relevância de ler e discutir autores brasileiros contemporâneos. 

Origem da Lista 

A Folha de S.Paulo convidou 101 especialistas para indicar até dez livros de ficção publicados por editoras brasileiras a partir de 1º de janeiro de 2001.  

A votação, realizada entre setembro e dezembro de 2024, priorizou obras literárias, excluindo textos teóricos ou didáticos. Cada jurado definiu seus próprios critérios, resultando em uma seleção que abrange romances, contos e narrativas poéticas, refletindo as transformações do Brasil contemporâneo nestes primeiros anos do século XXI. 

Contexto da Literatura Brasileira no Século 21 

O cenário literário brasileiro atual é marcado pela renovação e pela ampliação de vozes diversas. Editoras como Pallas, Todavia e Malê, têm publicado autores negros, indígenas e de outras minorias, desafiando o domínio de grandes editoras.  

Prêmios como o Jabuti e o Oceanos destacam obras de impacto, como Torto Arado e O Avesso da Pele, enquanto feiras literárias, como a Bienal do Livro do Rio de Janeiro (13 a 22 de junho de 2025), conectam autores e leitores. A Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) e a Flipop, voltada para jovens, também impulsionam a visibilidade de novos escritores.  

A ascensão da literatura negra, liderada por autores como Conceição Evaristo, reflete o debate sobre raça e identidade, enquanto plataformas digitais e adaptações para séries ampliam o alcance global da literatura brasileira.  

Apesar disso, a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2024) indica que 53% da população não leu livros nos últimos três meses, evidenciando a importância de iniciativas como a lista da Folha para promover a leitura. 

Quem Foram os Votantes 

A lista foi elaborada por um grupo diverso de 101 especialistas, incluindo críticos literários, escritores, jornalistas, curadores de festivais, livreiros, professores universitários e membros da Academia Brasileira de Letras.  

Entre os nomes destacados estão Ana Maria Machado, Ailton Krenak, Ignácio de Loyola Brandão, Marco Lucchesi e Heloisa Teixeira (que faleceu em março de 2025). Também participaram autores como Itamar Vieira Junior, Jarid Arraes, Cidinha da Silva e Djaimilia Pereira de Almeida (angolana), além de curadores como Joselia Aguiar (ex-diretora da Biblioteca Mário de Andrade) e Diana Passy (Bienal do Livro e Flipop). Outros votantes incluem Luiz Antônio de Assis Brasil, professor de oficinas literárias, e Mariana Warth, da Pallas Editora.  

A diversidade regional e profissional do júri, com representantes de várias áreas do mercado literário, garantiu uma seleção ampla e representativa. 

Os 25 Melhores Livros Brasileiros do Século 21 – Lista Completa 

A lista, publicada em 25 de maio de 2025, reúne obras que abordam diferentes facetas da sociedade brasileira. Abaixo estão os 25 livros, com o número de votos para os cinco primeiros: 

  1. Um Defeito de Cor – Ana Maria Gonçalves (48 votos) 
  1. Torto Arado – Itamar Vieira Junior (35 votos) 
  1. O Avesso da Pele – Jeferson Tenório (25 votos) 
  1. Nove Noites – Bernardo Carvalho (21 votos) 
  1. O Filho Eterno – Cristóvão Tezza (17 votos) 
  1. Eles Eram Muitos Cavalos – Luiz Ruffato 
  1. Olhos d’Água – Conceição Evaristo 
  1. O livro das Semelhanças – Ana Martins Marques 
  1. Queda do Céu – Davi Kopenawa 
  1. O Sol na Cabeça – Geovani Martins 
  1. Ponciá Vicêncio – Conceição Evaristo 
  1. Pornopopéia – Reinaldo Moraes 
  1. Cinzas do Norte – Milton Hatoum 
  1. O voo da madrugada – Sérgio Sant’Anna 
  1. Um Útero é do Tamanho de um Punho – Angélica Freita 
  1. Como Se Estivéssemos em Palimpsesto de Putas – Elvira Vigna 
  1. K, Relato de Uma Busca – Bernardo Kucinsky 
  1. Machado – Silviano Santiago 
  1. Budapeste – Chico Buarque 
  1. Passageiro do fim do dia – Rubens Figueiredo 
  1. Diário da Queda – Michel Laub 
  1. Leite Derramado – Chico Buarque 
  1. Amora – Natália Borges Polesso 
  1. O Som do Rugido da Onça – Micheliny Verunschk 
  1. Os Supridores – José Falero 

A seleção destaca editoras menores, como a Pallas, que publica Conceição Evaristo, e a variedade de gêneros literários. 

Precisamos ressaltar que toda e qualquer lista envolve conceitos subjetivos dos votantes 

Representatividade de Autores Negros Brasileiros

Os três primeiros lugares são ocupados por autores negros: Ana Maria Gonçalves, Itamar Vieira Junior e Jeferson Tenório.  

Um Defeito de Cor (48 votos), Torto Arado (35 votos) e O Avesso da Pele (25 votos) abordam temas como escravidão, racismo estrutural e desigualdades, trazendo perspectivas que ressignificam a história brasileira.  

Conceição Evaristo, com Olhos d’Água (7º) e Ponciá Vicêncio (11º), reforça a presença da literatura negra. Sua “escrevivência” combina vivência pessoal e ficção, centrando a experiência de mulheres negras.  

Essa configuração marca uma mudança no cenário literário, tradicionalmente dominado por autores homens e brancos, e reflete o reconhecimento de narrativas que confrontam o racismo. 

Melhores Livros de Literatura Brasileira no Século 21 - autores negros brasileiros
Ana Maria Gonçalves / Itamar Vieira Junior / Jeferson Tenório

Resenhas dos Cinco Primeiros Livros 

Um Defeito de Cor – Ana Maria Gonçalves (Record, 2006) 

Um Defeito de Cor narra a trajetória de Kehinde, uma mulher africana escravizada que atravessa o Atlântico e constrói sua vida no Brasil do século 19. 

Escrito em primeira pessoa, o romance combina pesquisa histórica com uma narrativa que detalha a brutalidade da escravidão, os laços familiares e a resistência cultural. Kehinde, capturada ainda criança, enfrenta inúmeras perdas e reconstrói sua identidade em um contexto de violência.  

A obra explora as raízes do racismo no Brasil, destacando o protagonismo de personagens marginalizados. Com cerca de mil páginas, o livro mantém o leitor envolvido pela fluidez da prosa e pela profundidade histórica. 

Torto Arado – Itamar Vieira Junior (Todavia, 2019) 

Torto Arado, vencedor dos prêmios Jabuti, Oceanos e Leya, é ambientado no sertão baiano e segue as irmãs Bibiana e Belonísia, filhas de trabalhadores rurais. A descoberta de uma faca antiga desencadeia um acidente que conecta a vida das duas irmãs de forma irreversível, com uma delas assumindo a voz da outra.  

A narrativa, dividida em três partes, explora a herança escravocrata, a luta pela terra e as tradições afro-brasileiras, como o jarê.  

Itamar Vieira Junior, geógrafo e doutor em estudos étnicos, utiliza sua formação para retratar a relação entre comunidade e território, criando um retrato do Brasil rural. 

O Avesso da Pele – Jeferson Tenório (Companhia das Letras, 2020) 

O Avesso da Pele, premiado com o Jabuti, acompanha Pedro, que reconstrói a história de seu pai, Henrique, um professor negro assassinado em uma abordagem policial em Porto Alegre.  

A narrativa alterna passado e presente, explorando o racismo estrutural, a violência policial e as dinâmicas familiares. Henrique é retratado por suas paixões, como a literatura, e pelas marcas do preconceito em sua vida.  

A escrita de Jeferson Tenório combina introspecção com crítica social, oferecendo um olhar sobre as desigualdades raciais no Brasil urbano. O romance é estruturado em capítulos curtos, que intensificam o impacto emocional. 

Nove Noites – Bernardo Carvalho (Companhia das Letras, 2002) 

Nove Noites mistura ficção e memorialística, inspirando-se na história do antropólogo Buell Quain, que se suicidou no Brasil em 1939.  

O romance alterna duas vozes: a de um narrador contemporâneo, que investiga a morte de Quain, e cartas fictícias do antropólogo. A narrativa explora o contato com povos indígenas, o colonialismo e os limites da compreensão cultural.  

Bernardo Carvalho constrói um texto fragmentado, com pistas que se conectam gradualmente, questionando a construção da identidade e a relação entre fato e ficção. A obra se destaca pela experimentação formal e pela abordagem de temas históricos. 

O Filho Eterno – Cristóvão Tezza (Record, 2007) 

O Filho Eterno é um romance autobiográfico sobre a experiência de Cristóvão Tezza como pai de uma criança com síndrome de Down.  

O narrador reflete sobre as expectativas frustradas, os desafios práticos e a transformação de sua visão de mundo ao longo dos anos. A obra alterna momentos de introspecção com observações sobre a sociedade e a paternidade, abordando a dificuldade de aceitar diferenças e o aprendizado com o filho.  

A escrita combina honestidade com reflexões literárias, explorando temas universais como amor e responsabilidade. O livro é reconhecido pela sinceridade e pela universalidade de sua narrativa. 

Comparação dos Cinco Primeiros Livros 

A tabela abaixo resume os cinco primeiros livros da lista, destacando título, autor, editora, ano, votos e tema principal: 

TítuloAutorEditoraAnoVotosTema Principal
Um Defeito de CorAna Maria GonçalvesRecord200648Escravidão e resistência
Torto AradoItamar Vieira JuniorTodavia201935Herança escravocrata e terra
O Avesso da PeleJeferson TenórioCompanhia das Letras202025Racismo estrutural
Nove NoitesBernardo CarvalhoCompanhia das Letras200221Colonialismo e identidade
O Filho EternoCristovão TezzaRecord200717Paternidade e síndrome de Down

Relevância dos Autores Brasileiros Contemporâneos 

A lista da Folha de S.Paulo destaca a importância de autores contemporâneos para a compreensão do Brasil atual.  

Obras como Um Defeito de Cor, Torto Arado e O Avesso da Pele abordam raça, gênero e classe, ampliando o debate sobre a identidade nacional. Autores como Ana Maria Gonçalves, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório e Conceição Evaristo oferecem perspectivas que desafiam narrativas tradicionais, promovendo inclusão no campo literário. Editoras menores, como a Pallas, têm papel crucial ao publicar autores negros e indígenas, enfrentando barreiras do mercado editorial. 

A literatura contemporânea brasileira também alcança projeção internacional, com traduções e adaptações, como a de Torto Arado para séries. Ampliando o público alcançado por esses autores e essas obras. 

Listas como estas tem um papel importante para difundir ainda mais nomes de escritores contemporâneos brasileiros. 

Conte aqui embaixo qual desses livros você já leu e qual gostaria de ler. 

Quero muito saber! 

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1 thought on “25 Melhores Livros Brasileiros do Século 21: Literatura e Representatividade

  1. NEYDJA M F HOLANDA diz:

    Sensacional! Parabéns!

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