A Presença do Sepultura na Virada Cultural 2025
A Virada Cultural de São Paulo, em sua 20ª edição realizada nos dias 24 e 25 de maio de 2025, trouxe uma programação diversificada, abrangendo samba, hip-hop e heavy metal. Entre as mais de mil atrações distribuídas por 21 palcos, o show do Sepultura no Palco Butantã, na Zona Oeste, destacou-se como um dos momentos mais marcantes.
O evento, com o tema “20 anos em 24 horas”, priorizou a descentralização, levando grandes nomes da música a bairros periféricos. A inclusão do Sepultura na grade reforça sua relevância cultural e a popularidade do metal em eventos gratuitos.
A banda, com mais de 40 anos de carreira, apresentou o show de sua turnê de despedida, Celebrating Life Through Death, consolidando seu status como ícone do metal brasileiro e internacional. A turnê, anunciada em 2024, marca o fim da trajetória do Sepultura, com a banda planejando encerrar as atividades após 18 meses de shows pelo mundo. O grupo já se apresentou em mais de 70 países, com álbuns como Roots e Chaos A.D. alcançando milhões de vendas, o que tornou sua participação na Virada um evento especial para os fãs brasileiros. A presença do Sepultura atraiu uma multidão, evidenciando a capacidade da Virada de unir diferentes gerações e estilos musicais.
A força do rock na Virada 2025 foi evidente, com mais de 30 atrações do gênero, como Dead Fish, Fresno, Ira! Inocentes e Black Pantera, entre outros nomes do cenário nacional.
Enquanto Dead Fish trouxe o peso do hardcore e Fresno atraiu fãs de emo e pop-rock, o Sepultura se destacou pelo impacto global do metal, reforçando a diversidade do evento e sua relevância cultural.
A expectativa de público de 4,7 milhões, superando os 4 milhões da edição anterior, reflete o impacto de atrações como o Sepultura na mobilização de multidões, consolidando a Virada como um espaço democrático para a cultura.

O Show do Sepultura no Palco Butantã
No dia 25 de maio de 2025, o Palco Butantã, na Avenida Pirajussara, 4.122, foi o centro do metal em São Paulo.
O Sepultura subiu ao palco às 18h, uma hora após o horário divulgado no cronograma oficial, encerrando uma programação que incluiu Dead Fish às 15h30, Fresno às 13h, Névula às 11h30 e o tributo infantil Queen Live Kids às 10h30. O público, formado por fãs antigos, novas gerações e curiosos atraídos pelo evento gratuito, lotou o espaço, criando uma atmosfera intensa com mosh pits e com o público cantando todas as músicas.
A formação atual, com Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Greyson Nekrutman (bateria), entregou uma performance coesa. Greyson, que substituiu Eloy Casagrande em 2024, manteve o ritmo firme da banda.
O setlist celebrou a trajetória do grupo, com clássicos como “Roots Bloody Roots”, “Refuse/Resist”, “Arise” e “Ratamahatta”, além de faixas do álbum Quadra (2020), como “Isolation”. A produção do palco contou com um sistema de som de alta qualidade, que destacou os riffs de Kisser e a potência vocal de Green. A iluminação, com tons vermelhos e brancos, complementou a energia do show.
Um momento marcante foi quando Derrick Green agradeceu aos fãs brasileiros, destacando a importância de tocar em um evento gratuito em São Paulo. A execução foi precisa, com interação constante da banda com a plateia.
O show reforçou a inclusão cultural da Virada, com o Palco Butantã permitindo que moradores da Zona Oeste assistissem a uma apresentação de nível internacional sem custo. Como parte da turnê de despedida, a performance teve um peso especial, sendo um dos últimos shows do Sepultura no Brasil.

Meu Primeiro Show do Sepultura foi na Praça Charles Miller (1991)
Em 11 de maio de 1991, eu assisti ao meu primeiro show do Sepultura, que teve lugar na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, um evento gratuito que ficou na minha memória.
A banda estava promovendo o álbum Arise, lançado naquele ano, com Max Cavalera nos vocais e guitarra, Andreas Kisser na guitarra, Paulo Xisto no baixo e Igor Cavalera na bateria. Uma grande multidão compareceu, era esperado um público de 10 mil pessoas, mas o número final foi de 30 mil presentes, ocupando a praça com fãs que queriam ouvir músicas como “Dead Embryonic Cells”, “Inner Self” e “Arise”.
Durante o show, ocorreu um incidente grave: um fã morreu, 6 ficaram feridos e 18 pessoas foram presas, a organização para um show desse tamanho foi precária, sem segurança apropriada e sem revistas aos presentes.
Nos dias seguintes, a mídia noticiou o caso, iniciando debates sobre segurança em shows de rock. Alguns veículos associaram a tragédia à cena do heavy metal, sugerindo que ela incentivava comportamentos violentos.
Apesar do incidente, o show continua sendo uma lembrança importante para mim, ligada à minha história com a música do Sepultura e com a cultura do metal.

A Importância do Sepultura para o Rock Nacional
O Sepultura é um dos pilares do rock nacional e um dos maiores nomes do metal mundial.
Fundada em 1984 em Belo Horizonte pelos irmãos Max e Igor Cavalera, a banda surgiu em um cenário dominado por bandas como Legião Urbana e Titãs, mas conquistou espaço com álbuns como Beneath the Remains (1989), Arise (1991) e Roots (1996). Esses trabalhos colocaram o Brasil no mapa do metal global e abriram caminho para bandas como Angra, Krisiun e Ratos de Porão. A fusão de thrash metal com elementos brasileiros, como a percussão indígena em Roots, criou um som distinto.
A banda também deixou um legado cultural ao abordar temas sociais. A faixa “Kaiowas”, do álbum Chaos A.D., homenageia o povo indígena Guarani-Kaiowá, trazendo visibilidade à luta por direitos indígenas.
O Sepultura influenciou inúmeras bandas contemporâneas, tanto nacionais quanto de fora do país, que citam o grupo como referência em entrevistas. Sua postura engajada e som inovador ajudaram a moldar a identidade do metal brasileiro. Apesar de mudanças na formação, como a saída de Max em 1996 e Igor em 2006, o Sepultura se manteve relevante com Derrick Green nos vocais e novos membros. Com mais de 15 álbuns, turnês mundiais e diversos prêmios, a banda demonstra resiliência e uma base forte de fãs pelo mundo.
O Sepultura também tratou de temas como desigualdade e resistência, com letras como “Refuse/Resist” se tornando hinos de protesto.
Sua participação na Virada Cultural 2025 reforça seu compromisso com a acessibilidade cultural, um valor presente desde eventos como o de 1991 na Praça Charles Miller.
Conclusão
O show do Sepultura na Virada Cultural 2025 no Palco Butantã foi um marco, unindo a energia da turnê de despedida com a vibração de um evento gratuito que celebrou a diversidade cultural de São Paulo. A performance, com a formação atual e um setlist que atravessou décadas, reafirmou a força da banda.
Minha lembrança do show de 1991 na Praça Charles Miller, marcado por intensidade e tragédia, conecta passado e presente, mostrando a proximidade do Sepultura com seu público.
Como um dos maiores nomes do rock nacional, a banda elevou o metal brasileiro ao cenário global e inspirou gerações. A Virada Cultural 2025, com o Sepultura, comprovou a vitalidade do rock no Brasil.

Amante de livros, músicas e filmes desde que me conheço por gente.
Livreira há muitos anos.
Criadora e redatora chefe do Meu Momento Cultural.
A minha vontade de dividir essa paixão, me trouxe até aqui.