Em 22 de maio de 2025, dia de Santa Rita de Cássia, as salas de cinema brasileiras recebem Ritas, um documentário que celebra a vida e a obra de Rita Lee, a eterna Rainha do Rock Brasileiro.
Falecida em maio de 2023, aos 75 anos, Rita deixou um legado que transcende gerações, misturando música, irreverência e coragem.
Vamos falar sobre o novo documentário, a trajetória de Rita Lee, sua relevância como mulher pioneira na música e nas suas duas autobiografias publicadas pela Globo Livros: Rita Lee: Uma Autobiografia (2016) e Rita Lee: Outra Autobiografia (2023).
Prepare-se para revisitar a história de uma mulher que, com talento e ousadia, transformou a cultura brasileira.
Ritas: Um Tributo à Multifacetada Rita Lee
O documentário Ritas, lançado hoje, 22 de maio de 2025, é uma homenagem íntima e profunda à trajetória de Rita Lee. Baseado em sua última entrevista, planejada pela própria artista para coincidir com o dia de sua santa padroeira, o filme combina arquivos pessoais, depoimentos de grandes nomes da música brasileira e uma carta escrita por Rita aos filhos e ao marido, Roberto de Carvalho, pouco antes de sua morte. Produzido pela Biônica Filmes, o documentário destaca as várias “Ritas” que habitaram a artista: a menina sonhadora, a rebelde dos Mutantes, a estrela do rock, a mãe, a ativista e a escritora.
Ritas não é apenas uma retrospectiva, é uma celebração da autenticidade de Rita Lee. O filme explora momentos icônicos, como sua participação no Tropicalismo e hits como “Ovelha Negra” e “Lança-Perfume”, enquanto aborda os desafios que enfrentou, como o sexismo na indústria musical e sua luta contra o câncer de pulmão.
A data de lançamento, escolhida pela própria Rita Lee, reforça sua conexão espiritual com Santa Rita de Cássia, um símbolo de resiliência que ecoa em sua própria vida. Para os fãs, é uma oportunidade de se emocionar com imagens raras e reflexões inéditas de uma artista que sempre viveu sem filtros.

A Trajetória de Rita Lee: A Rainha do Rock Brasileiro
Nascida em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo, Rita Lee Jones marcou a música brasileira com uma carreira que começou nos anos 1960, quando integrou Os Mutantes, banda ícone do Tropicalismo. Ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, Rita ajudou a revolucionar a música brasileira, misturando rock psicodélico, MPB e experimentalismo. O movimento Tropicalista, que floresceu sob a repressão da ditadura militar, trouxe uma explosão criativa, e Rita foi uma de suas vozes mais ousadas.
Após deixar Os Mutantes, Rita formou a banda Tutti Frutti, onde lançou o clássico álbum Fruto Proibido (1975), com sucessos eternos como “Agora Só Falta Você” e “Ovelha Negra”. Este álbum consolidou seu título de Rainha do Rock, com letras que misturavam rebeldia, humor e sensualidade. Sua parceria com Roberto de Carvalho, seu marido, foi fundamental para sua carreira solo, que explorou gêneros como pop, bossa nova e música eletrônica, sempre com letras provocativas e inteligentes. Rita também foi pioneira ao usar bateria eletrônica e criar o formato acústico no Brasil, com seu “bossa’n’roll”.
Além da música, Rita Lee foi uma figura cultural que desafiou convenções. Sua prisão em 1976, por porte de drogas, e sua postura irreverente diante das críticas de estrelas da MPB, como Elis Regina, mostraram sua resiliência. Ela também se destacou como ativista pelos direitos dos animais e pelo meio ambiente, temas presentes em sua série de livros infantis Dr. Alex.
Com mais de 20 prêmios, incluindo dois Grammys Latinos, Rita vendeu milhões de discos e inspirou gerações de artistas e fãs.
Rita Lee como Ícone Feminino: Desafios e Conquistas
Como mulher no rock, Rita Lee enfrentou um cenário dominado por homens. Nos anos 1960 e 1970, a indústria musical era ainda mais marcada por sexismo, e Rita quebrou barreiras com sua autenticidade e talento. Suas letras, que abordavam prazer e liberdade sob a perspectiva feminina, como em “Lança-Perfume”, desafiaram normas sociais e deram voz ao que ela chamava de “pink rock”. Sua presença no palco, com figurinos excêntricos e performances vibrantes, tornou Rita Lee um símbolo de liberdade para mulheres em um Brasil conservador.
Rita também enfrentou pressões da mídia e do público, mas nunca abandonou sua essência. Em Ritas, o documentário destaca como ela lidou com o machismo e a censura, mantendo-se fiel a si mesma. Sua influência abriu portas para outras artistas, como Cássia Eller, que regravou “Luz del Fuego”, uma homenagem à bailarina Dora Vivacqua, outra mulher à frente de seu tempo. Rita Lee não foi apenas uma roqueira; foi uma revolucionária que redefiniu o papel da mulher na música brasileira.

As Autobiografias: Uma Janela para a Alma de Rita Lee
Rita Lee também deixou sua marca como escritora, com duas autobiografias publicadas pela Globo Livros que revelam sua vida com honestidade e humor. Rita Lee: Uma Autobiografia (2016) é um mergulho em sua trajetória até a aposentadoria dos palcos em 2012. Com a colaboração do jornalista Guilherme Samora, o livro narra desde sua infância em um lar multicultural até os bastidores dos Mutantes, sua prisão em 1976 e o encontro com Roberto de Carvalho. Escrito com sarcasmo e sinceridade, o livro aborda temas delicados, como abuso sexual na infância e problemas com drogas, sem perder o tom leve e confessional. A obra, que vendeu mais de 200 mil cópias e foi publicada em Portugal, ganhou o prêmio de melhor biografia da Associação Paulista de Críticos de Artes em 2016.
Rita Lee: Outra Autobiografia (2023), lançada postumamente em 22 de maio de 2023, foca nos últimos três anos de sua vida, marcados pela pandemia e pela luta contra o câncer de pulmão, diagnosticado em 2021. Com um texto cru, mas cheio de ironia e amor, Rita descreve os desafios do tratamento, como o uso de fraldas e a locomoção em cadeira de rodas, sem autopiedade. Ela também reflete sobre a morte, a criação da música Change (2021) com Roberto de Carvalho e as perdas de amigas como Elza Soares e Gal Costa. A capa, pintada por Rita, é um testemunho de sua força criativa até o fim. O livro tornou-se um best-seller instantâneo, tocando leitores com sua coragem e autenticidade.
As duas obras são mais do que memórias; são retratos de uma mulher que viveu intensamente, enfrentou adversidades e transformou dor em arte. Elas complementam Ritas, oferecendo uma visão literária da mesma história que o documentário apresenta visualmente.
RadioActivity: Uma Homenagem com Histórias e Curiosidades sobre Rita Lee
Uma celebração especial da vida de Rita Lee aconteceu no programa RadioActivity, da Dark Rádio, transmitido em 14 de maio de 2023, poucos dias após o falecimento da artista. Comandado pelo jornalista Benedicto Junior, com a minha participação e como convidada a também jornalista Tássia Nazareth, o programa trouxe uma homenagem repleta de histórias e curiosidades sobre a Rainha do Rock. Juntos, discutimos desde os primórdios dos Mutantes até histórias curiosas, além de sua influência no movimento feminista e na cultura brasileira.
Foi uma oportunidade única de compartilhar memórias e reflexões sobre o impacto de Rita, com emoção e insights que capturam sua essência irreverente e inspiradora.
Ouça abaixo o áudio completo do programa, que mergulha na trajetória de Rita Lee com paixão e detalhes exclusivos:
PROGRAMA RADIACTIVITY – ESPECIAL RITA LEE – 14/05/2023
Impacto Social e Relevância de Rita Lee
A carreira de Rita Lee vai além da música; ela é um marco cultural com reflexos profundos na sociedade brasileira.
Como parte do Tropicalismo, ela desafiou a repressão da ditadura, usando a arte como resistência. Suas letras e sua postura questionaram normas de gênero e comportamento, inspirando movimentos feministas e de liberdade individual. Sua defesa pelos animais e pelo meio ambiente, expressa em músicas e livros infantis, também mobilizou consciências.
Ritas e suas autobiografias reforçam esse impacto, mostrando como Rita Lee moldou a identidade cultural do Brasil. O documentário, ao destacar sua luta contra o câncer e sua resiliência, conecta-se com temas universais como superação e autenticidade, que ressoam com públicos diversos.
Por que Ritas e as Autobiografias Valem a Pena?
Se você é fã de Rita Lee ou apenas curioso sobre a história da música brasileira, Ritas é uma experiência imperdível. O documentário oferece uma visão íntima de uma artista que viveu sem medo de ser ela mesma, enquanto suas autobiografias proporcionam uma leitura envolvente e reveladora. Juntos, esses trabalhos mostram por que Rita Lee continua a inspirar, mesmo após sua partida.
Como ela escreveu em Outra Autobiografia: “A sorte de ter sido eu, de ter sido quem eu sou, não é nada, se comparada ao meu maior ‘Gol’. Sim, acho que fiz um monte de gente feliz.”
Seja lendo suas autobiografias ou assistindo o documentário, mergulhe no universo de uma mulher que transformou o rock, a cultura e a sociedade brasileira com sua voz, sua coragem e seu coração.
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Amante de livros, músicas e filmes desde que me conheço por gente.
Livreira há muitos anos.
Criadora e redatora chefe do Meu Momento Cultural.
A minha vontade de dividir essa paixão, me trouxe até aqui.
Muito bom o artigo! Quero assistir o documentário
Conteúdo muito bom, parabéns. Nossa quantas músicas ouvi e cantei. O documentário deve ser ótimo.