O Eternauta: Da HQ à Série da Netflix com Ricardo Darín
O Eternauta é uma obra-prima que atravessa gerações, nasceu como uma HQ argentina e agora brilhando como uma série da Netflix estrelada por Ricardo Darín.
Esta jornada da página ao streaming combina ficção científica com reflexões profundas sobre humanidade, resistência e sociedade.
Vamos conhecer a história de O Eternauta , explorar a relevância da graphic novel, analisar a adaptação audiovisual lançada em 2025 e comparar as duas versões, destacando o que as une e o que as diferencia.
A História de O Eternauta
Um Apocalipse em Buenos Aires
O Eternauta começa em uma noite tranquila em Buenos Aires, sutilmente transformada por uma nevasca sobrenatural que cobre a cidade com um brilho letal. O que parece um caráter natural revela-se uma arma mortal, uma neve tóxica meticulosamente projetada para erradicar a humanidade.
Nesse cenário desolador, a história segue Juan Salvo, um homem comum que, diante da tragédia, assume o papel de líder de um grupo de sobreviventes. Ao lado de sua esposa Elena, sua filha Martita, e amigos leais como o engenhoso Favalli, o corajoso Lucas e o jovem Pablo, Juan enfrenta desafios extremos: o frio mortal, a escassez de recursos e a ameaça de criaturas extraterrestres conhecidas como “Cascarudos” e “Gurbos”. Essas entidades, controladas por uma força superior, fazem parte de um plano de invasão global que testa os limites da resistência humana.
A narrativa, um marco de ficção científica, é mais do que uma aventura apocalíptica. O Eternauta , tanto na HQ quanto na série da Netflix com Ricardo Darín, celebra a resiliência coletiva, rejeitando o arquétipo do herói solitário.
Inspirada por clássicos como A Guerra dos Mundos de HG Wells e Robinson Crusoé de Daniel Defoe, a história entrelaça suspense, reviravoltas temporais e dilemas éticos. A revelação do destino de Juan Salvo, envolto em viagens no tempo e sacrifícios pessoais, adiciona uma camada de profundidade emocional, modificando a trama em uma reflexão sobre o custo da sobrevivência e a força dos laços humanos.
Contexto e Relevância Cultural
Escrita na Argentina dos anos 1950 por Héctor Germán Oesterheld, O Eternauta reflete o clima de incerteza de uma nação marcada por golpes militares e repressão política.
A neve mortal, que dizima indiscriminadamente, simboliza a opressão de regimes autoritários, enquanto a resistência obstinada dos sobreviventes ecoa os movimentos populares que desafiavam a tirania.
A HQ, publicada na revista Hora Cero Semanal, transcendeu seu tempo, tornando-se um ícone cultural e político. A trágica história de Oesterheld, desaparecido durante a ditadura militar de 1976-1983, amplificou o peso simbólico da obra, que passou a ser vista como um grito de liberdade.
A relevância de O Eternauta persiste em 2025, dialogando com questões contemporâneas. A nevasca ressoa com medos modernos, como pandemias devastadoras e crises climáticas, enquanto a luta coletiva inspira reflexões sobre solidariedade em tempos de polarização.
A série da Netflix, com Ricardo Darín trazendo nova vida a Juan Salvo, atualiza esses temas, conectando a história a um público global. A universalidade da obra, combinada com sua raiz argentina, explica seu apelo, tanto na HQ quanto na adaptação audiovisual, que continua a cativar leitores e espectadores em todo o mundo.

A HQ de O Eternauta: Um Marco da Ficção Científica
Origens e Criação
Publicada entre 1957 e 1959 na revista Hora Cero Semanal, a HQ O Eternauta foi criada por Héctor Germán Oesterheld (roteiro) e Francisco Solano López (arte).
Uma grafic novel, com cerca de 350 páginas, que combina traços realistas com uma narrativa densa, estabelecendo-se como um clássico da ficção científica latino-americana. Sua abordagem inovadora, mesclando suspense, filosofia e crítica social, rendeu o prestigiado Prêmio Eisner, consolidando seu impacto.
Oesterheld, um escritor visionário, usou a HQ para expressar suas convicções políticas. A obra crítica o autoritarismo e celebra a união coletiva, ideias que ressoaram profundamente na Argentina e também em outros países latino-americanos.
Tragicamente, Oesterheld foi vítima da ditadura militar argentina, tendo desaparecido em 1977, o que transformou O Eternauta em um símbolo de resistência cultural.
Repercussão e Legado
A HQ ganhou traduções em diversos idiomas, adaptações para rádio e teatro, e edições de luxo, como a lançada no Brasil pela Pipoca & Nanquim em 2024.
Esta edição, com prefácio detalhado e acabamento premium, reacendeu o interesse de novos leitores. A influência de O Eternauta é evidente em quadrinhos modernos e obras de ficção científica, inspirando artistas com sua narrativa ousada e visual marcante.
No Brasil, a HQ conquistou um amplo público, especialmente entre fãs de histórias em quadrinhos como V de Vingança e Watchmen . Sua mistura de ação, emoção e crítica social torna O Eternauta leitura obrigatória para quem aprecia histórias que desafiam o status quo.
A comunidade de leitores no X destaca a relevância contínua da obra, com postagens frequentes sobre suas metáforas políticas e estética única.
Série da Netflix: O Eternauta em 2025
Uma Adaptação Ambiciosa
Lançada em 30 de abril de 2025, a série O Eternauta na Netflix trouxe a história para o streaming com Ricardo Darín no papel de Juan Salvo.
Dirigida por Bruno Stagnaro , a produção argentina de seis episódios recria a cidade de Buenos Aires como um cenário pós-apocalíptico. Com 35 locações reais e tecnologia de produção virtual, a série entrega efeitos visuais impressionantes, desde ruas cobertas de neve até batalhas contra seres não humanos.
A adaptação atualiza a história para o público contemporâneo, incorporando paralelos com pandemias e crises climáticas. A consultoria de Martín Oesterheld, neto do autor, garantiu fidelidade ao espírito da HQ, enquanto Ricardo Darín traz profundidade emocional a Juan Salvo, um líder relutante enfrentando dilemas éticos. O elenco, incluindo Juan Gil Navarro e Carla Peterson, complementa a narrativa com atuações sólidas.
Repercussão e Impacto
A série foi um sucesso imediato. No IMDb , alcançou 7,8/10, enquanto o Rotten Tomatoes obteve 93% de aprovação e 85% do público. Na Argentina, a recepção foi ainda mais calorosa, com 90% de aprovação crítica e 97% do público, um feito para a indústria local. No Brasil, O Eternauta entrou no Top 10 da Netflix na primeira semana, rivalizando com séries como Stranger Things .
Os críticos elogiaram a direção, os efeitos visuais e a atuação de Ricardo Darín , comparando a série a The Last of Us pela atmosfera pós-apocalíptica e foco nas relações humanas. No entanto, alguns fãs da HQ apontaram que a série suavizava as críticas de Oesterheld, optando por uma abordagem mais universal. Posts no X refletem essa divisão: enquanto alguns celebram a adaptação, outros sentem falta do “nervo político” original.
A Netflix confirmou uma segunda temporada, em desenvolvimento, que promete explorar os ganchos deixados na primeira, como o destino da filha de Juan. O sucesso reforça o potencial de O Eternauta como franquia global, atraindo novos públicos para a HQ .

Semelhanças e Diferenças: HQ vs. Série da Netflix
O que une as duas versões
Fidelidade Temática
A série da Netflix preserva a essência de O Eternauta em HQ: a luta coletiva contra uma ameaça avassaladora.
A mensagem de que a sobrevivência da raça humana depende da união, é central, com Juan Salvo simbolizando a força do comum. A nevasca tóxica permanece o inimigo na narrativa, criando um senso de urgência e desespero.
Ambientação em Buenos Aires
Buenos Aires é mais do que um pano de fundo; é um personagem.
Na HQ, os desenhos de Solano López capturam a cidade em detalhes, enquanto a série usa locações reais e efeitos visuais para retratar uma capital devastada.
Essa conexão com a identidade argentina reforça o apelo cultural de ambas as versões.
Personagens Centrais
Juan Salvo, interpretado por Ricardo Darín na série, é o coração da história.
A HQ e a adaptação destacam sua humanidade, mostrando-o como um líder imperfeito, humano, movido por amor à família e senso de dever. O elenco de apoio, como Elena e Favalli, mantém papéis semelhantes, embora com nuances diferentes.
O que é a diferença
Contexto Político
Na HQ O Eternauta, as metáforas políticas são explícitas, com os envolvidos, os “Cascarudos”, “Gurbos” e a força invisível que os comanda, representando forças opressoras, como regimes autoritários que marcaram a Argentina dos anos 1950.
Héctor Germán Oesterheld criou uma narrativa de ficção científica com críticas contundentes à repressão e à desigualdade, refletindo o clima de instabilidade política de sua época.
A série da Netflix, estrelada por Ricardo Darín, busca um público mais global e, para isso, diluiu essas referências políticas, optando por uma abordagem centrada em ação, suspense e dramas pessoais. Essa escolha gerou críticas de puristas, que sentem falta da crítica social aguda de Oesterheld, um elemento central da HQ que transformou O Eternauta em um símbolo de resistência cultural.
Apesar disso, a adaptação mantém a essência da luta coletiva, adaptando-a para ressoar com questões contemporâneas, como crises globais.
Ritmo e Estilo
A HQ tem um ritmo contemplativo, com longos diálogos e reflexões filosóficas. A série, por outro lado, adota um tom mais dinâmico, com sequências de ação e cliffhangers para manter o espectador engajado.
Enquanto a HQ explora o humor portenho e o cotidiano da vida, a série prioriza tensão e efeitos visuais.
Escopo Narrativo
A primeira temporada da série cobre apenas parte da HQ, deixando elementos como o controle especializado de Martita para a segunda temporada.
A HQ, por ser completa, oferece uma visão mais ampla, incluindo viagens no tempo que a série ainda não abordou. Essa escolha torna a adaptação mais acessível, mas menos densa.
Modernização
A série atualiza o cenário com tecnologia moderna e paralelos contemporâneos, como máscaras de proteção e referências a crises globais. A HQ, ambientada nos anos 1950, reflete a estética e os medos de sua época, como a Guerra Fria.
Essa diferença torna a série mais compreensível para novos públicos, mas menos ancorada no contexto original.
Por Que O Eternauta Continua Cativando?
Relevância Atemporal
O Eternauta ainda ressoa em 2025 pela sua capacidade de abordagem de questões universais.
A obra de ficção científica, com propostas e desastres, é um espelho para crises reais, como pandemias, polarização política e mudanças climáticas. A ênfase na resistência coletiva inspira leitores e espectadores a refletirem sobre solidariedade em tempos difíceis.
Um Convite à Exploração
Para fãs de ficção científica, a HQ O Eternauta é uma leitura essencial, disponível em edições como a da Pipoca & Nanquim. A série da Netflix, com Ricardo Darín, é perfeita para quem busca uma experiência visual imersiva.
Ambas as versões oferecem perspectivas únicas, convidando o público a comparar e debater.
Fichas Cadastrais: O Eternauta na HQ e na Série
HQ O Eternauta
- Título: O Eternauta
- Autor: Héctor Germán Oesterheld (roteiro), Francisco Solano López (arte)
- Gênero: Ficção científica, novela gráfica
- Publicação Original: 1957–1959, revista Hora Cero Semanal (Argentina)
- Edição Brasileira: Pipoca & Nanquim, 2024 (edição definitiva, 372 páginas)
- Premiação: Prêmio Eisner
- Sinopse: Em Buenos Aires, uma nevasca tóxica desencadeia um apocalipse. Juan Salvo lidera sobreviventes contra invasores extraterrestres, em uma HQ que mistura ficção científica com críticas ao autoritarismo.
- Disponibilidade: Livrarias físicas e online
Série O Eternauta (Netflix)
- Título: O Eternauta
- Plataforma: Netflix
- Gênero: Ficção científica, drama pós-apocalíptico
- Estreia: 30 de abril de 2025
- Direção: Bruno Stagnaro
- Elenco Principal: Ricardo Darín (Juan Salvo), Carla Peterson (Elena), Juan Gil Navarro (Favalli)
- Número de episódios: 6 (1ª temporada)
- Sinopse: Uma nevasca mortal assola Buenos Aires, revelando uma invasão. Juan Salvo, interpretado por Ricardo Darín, guia um grupo de pessoas em uma luta pela sobrevivência nesta adaptação da HQ para a Netflix.
- Disponibilidade: Streaming na Netflix (assinatura necessária)
Engajamento com a Comunidade
Qual é a sua versão favorita de O Eternauta ?
A HQ, com sua profundidade política, ou a série da Netflix, com muito mais cenas de ação?
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Amante de livros, músicas e filmes desde que me conheço por gente.
Livreira há muitos anos.
Criadora e redatora chefe do Meu Momento Cultural.
A minha vontade de dividir essa paixão, me trouxe até aqui.
Adorei, já quero assistir
Uauuu eu amei, vou assistir! Excelente artigo.
Assista sim, Mara! Já assisti e super recomendo!
Gente!! Sou apaixonada por séries…essa não vou perder..Parabéns pelo artigos
Estou super curiosa para começar a assistir O Eternauta’. Todo mundo fala tão bem, e pelo visto a trama mistura ficção científica com algo mais profundo. Vou arriscar, muito obrigada pelo artigo.