SEBASTIÃO SALGADO - FOTÓGRAFO

Sebastião Salgado: O Olhar Humanista que Transformou a Fotografia e o Meio Ambiente

Sociedade

“Fotografar é minha maneira de compreender o mundo e de devolver algo à humanidade.” (Sebastião Salgado) 

Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, deixou um legado que transcende a arte da fotografia.  

Suas imagens em preto e branco capturaram a essência da humanidade, denunciando injustiças sociais e celebrando a beleza da natureza. Mais do que um fotógrafo, Salgado foi um humanista e ambientalista cuja obra inspirou milhões e continua a moldar o imaginário global.  

Vamos ver abaixo quem foi Sebastião Salgado, a importância de seu trabalho, sua biografia, seus principais livros, sua luta pela preservação ambiental, a repercussão de sua morte e o impacto duradouro de seu legado. 

Leia até o final para conhecer um dos maiores fotógrafos do mundo. 

Quem Foi Sebastião Salgado: O Mestre da Fotografia Documental 

Sebastião Salgado (1944–2025) foi um fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro, nascido em Aimorés, Minas Gerais.  

Reconhecido mundialmente por suas fotografias em preto e branco, ele documentou a condição humana em mais de 120 países, retratando trabalhadores, migrantes, povos indígenas e paisagens naturais com uma sensibilidade única.  

Sua obra é marcada por um olhar humanista que combina estética poderosa com uma crítica profunda às desigualdades sociais e à destruição ambiental. Salgado registrou o mundo real e cruel e usou sua arte como uma ferramenta de conscientização, tornando-se uma voz influente em causas humanitárias e ambientais. 

SEBASTIÃO SALGADO - GÊNESIS
Foto do livro “Gênesis” de Sebastião Salgado

A Importância de Seu Trabalho e Reconhecimento Mundial 

O trabalho de Sebastião Salgado é uma referência no fotojornalismo por sua capacidade de transformar imagens em narrativas que emocionam e provocam reflexão.  

Suas fotografias, sempre em preto e branco, destacam a dignidade humana mesmo em cenários de sofrimento, como guerras, fome e exploração. Ele acreditava que, apesar das diferenças culturais, “a raça humana é somente uma”, e suas imagens refletem essa visão, capturando sentimentos universais de luta, resistência e esperança. 

Salgado recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo, incluindo o Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária (1982), o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes (1998), o Prêmio Jabuti de Literatura pela obra Terra (1998) e o Kyoto Prize (2022), considerado um equivalente japonês ao Nobel.  

Ele foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e eleito membro da Academia de Belas-Artes de Paris em 2016. Sua fotografia icônica da mina de Serra Pelada, no Pará, foi incluída pelo New York Times entre as 25 imagens que definem a Era Moderna, consolidando seu impacto global. 

Exposições de suas obras, como Êxodos, Gênesis e Amazônia, percorreram o mundo, atraindo multidões em cidades como Paris, Rio de Janeiro, Londres e São Paulo. O crítico Janio de Freitas descreveu suas fotos como “uma rajada única” de ternura, dor, culpa e prazer estético, destacando sua habilidade de evocar emoções complexas. 

Biografia de Sebastião Salgado: Da Economia à Fotografia 

Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais. Filho de uma família de fazendeiros, cresceu em contato com a natureza, o que influenciou sua visão ambiental.  

Formou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1964–1967), concluiu mestrado na Universidade de São Paulo e doutorado em Economia na Universidade de Paris. Durante a ditadura militar no Brasil, em 1969, mudou-se para Paris com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, com quem teve dois filhos, Juliano e Rodrigo. 

Inicialmente, Salgado trabalhou como economista para a Organização Internacional do Café, em Londres. Foi em uma viagem à África, nos anos 1970, que começou a fotografar com a câmera Leica de Lélia, descobrindo sua verdadeira paixão. Em 1973, abandonou a carreira em economia para se dedicar ao fotojornalismo, trabalhando como freelancer para agências como Sygma, Gamma e Magnum Photos. Em 1994, fundou a Amazonas Images com Lélia, consolidando sua independência artística. 

Seu trabalho inicial incluiu coberturas históricas, como a Revolução dos Cravos em Portugal e o atentado contra Ronald Reagan em 1981, mas ele logo se voltou para projetos de longo prazo que abordavam questões globais. Sua trajetória foi marcada por uma dedicação incansável à documentação da condição humana e da natureza, sempre ao lado de Lélia, sua parceira criativa e pessoal. 

SEBASTIÃO SALGADO - SERRA PELADA
Foto do livro “Trabalho” (Serra Pelada) de Sebastião Salgado

Principais Livros de Sebastião Salgado 

Sebastião Salgado publicou diversos livros que são marcos no fotojornalismo. Aqui estão alguns dos mais significativos: 

  • Outras Américas (1986): Documenta as condições de vida de camponeses e indígenas na América Latina, capturando a precariedade e a resiliência dessas comunidades. 
  • Sahel: O Homem em Pânico (1986): Resultado de 15 meses de trabalho com os Médicos Sem Fronteiras, registra a devastação causada pela seca no norte da África. 
  • Trabalho: Uma Arqueologia da Era Industrial (1993): Retrata o trabalho manual em diversos países, incluindo a icônica série da mina de Serra Pelada, no Brasil. 
  • Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo (2000): Documenta o deslocamento em massa de pessoas, abordando temas como migração, guerras e crises humanitárias. 
  • Gênesis (2013): Um projeto de oito anos que celebra a beleza de paisagens intocadas, fauna, flora e povos que vivem segundo tradições ancestrais. 
  • Amazônia (2021): Após sete anos de expedições, Salgado retrata a floresta amazônica e seus povos indígenas, fazendo um apelo pela preservação ambiental. 

Esses livros, muitas vezes acompanhados de exposições, documentam realidades e inspiram ações em prol da justiça social e ambiental. 

Sebastião Salgado e a Defesa do Meio Ambiente: O Instituto Terra 

Além de sua genialidade fotográfica, Sebastião Salgado foi um ativista ambiental dedicado.  

Em 1998, ao lado de Lélia, fundou o Instituto Terra, uma ONG voltada para a restauração da Mata Atlântica na Fazenda Bulcão, em Aimorés, Minas Gerais. A área, antes degradada pelo desmatamento, foi transformada em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com o plantio de cerca de 2,7 milhões de árvores e a recuperação de 2,5 mil nascentes. O projeto revitalizou 600 hectares de floresta, trazendo de volta a biodiversidade local e inspirando iniciativas semelhantes no Brasil e no mundo. 

O Instituto Terra também promove educação ambiental e desenvolvimento rural sustentável na Bacia do Rio Doce. Projetos como o Terrinhas ensinam crianças sobre o ciclo da água e a importância da preservação. Salgado via a restauração ambiental como um “gesto de amor pela humanidade”, e suas fotografias, especialmente em Gênesis e Amazônia, reforçaram essa mensagem, sensibilizando o público sobre a necessidade de proteger biomas como a Amazônia. 

Em entrevista à National Geographic em 2022, Salgado explicou que sua conexão com o meio ambiente surgiu após testemunhar horrores como o genocídio em Ruanda, o que o levou a uma depressão. Retornar ao Brasil e reflorestar a fazenda de sua família foi uma forma de recuperar sua própria vitalidade. 

Repercussão de Sua Morte 

A morte de Sebastião Salgado, aos 81 anos, em 23 de maio de 2025, em Paris, devido a complicações de uma malária contraída nos anos 1990, gerou comoção mundial. Autoridades, artistas e instituições lamentaram a perda, destacando seu impacto nas artes e na conscientização social e ambiental. A ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, afirmou: “Perdemos um dos maiores fotógrafos brasileiros. Seu trabalho foi um legado de humanidade e respeito pelo próximo.” 

O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) descreveu Salgado como “um humanista incansável”, enquanto a Câmara Brasileira do Livro destacou sua contribuição literária. No X, posts como o de @blogdosakamoto afirmaram que “Salgado provou que imagens doem mais que socos e transformam mais que bombas.” A escola de samba Boa Vista, de Vitória, que homenageou Salgado no Carnaval de 2025, lamentou sua partida, reforçando a inspiração de seu legado. 

A imprensa internacional, como o jornal La Prensa, reconheceu Salgado como um “grande” que documentou desafios contemporâneos. Sua morte foi vista não apenas como a perda de um artista, mas de uma voz que deu visibilidade às lutas humanas e ambientais. 

SEBASTIÃO SALGADO - AMAZÔNIA
Foto do livro “Amazônia” de Sebastião Salgado

O Legado de Sebastião Salgado 

O legado de Sebastião Salgado é imensurável. Suas fotografias, expostas em museus e galerias ao redor do mundo, continuam a inspirar reflexão sobre as desigualdades sociais, a dignidade humana e a urgência da preservação ambiental. O Instituto Terra, que segue ativo sob a liderança de Lélia Wanick Salgado, é um testemunho de sua visão de que a restauração da natureza é essencial para a sobrevivência da humanidade. 

Salgado transformou o fotojornalismo ao mostrar que a arte pode ser uma ferramenta de mudança. Suas imagens da Amazônia, dos trabalhadores de Serra Pelada e dos refugiados de guerras são lembretes poderosos da resiliência humana e da fragilidade do planeta. Como ele próprio disse à CNN Brasil em 2021: “Precisamos ser inteligentes o suficiente para sobreviver.” Seu trabalho garante que essa mensagem ecoe para as futuras gerações. 

Sebastião Salgado capturou o mundo com suas lentes; ele o transformou com sua visão.  

Sua obra permanece como um convite à ação, à empatia e à preservação do que há de mais precioso na humanidade e na natureza. 

2 thoughts on “Sebastião Salgado: O Olhar Humanista que Transformou a Fotografia e o Meio Ambiente

  1. Vanessa Barbosa Dos Santos diz:

    Sebastião Salgado nos mostrou que a fotografia pode ser uma ponte entre arte, humanidade e natureza. Seu legado vai muito além das imagens, é um convite a empatia e à ação. Um verdadeiro mestre do olhar sensível e transformador. 📸🌍

  2. Zenobio De Almeida Costa diz:

    Ola , ameii o artigo, continue assim sempre.

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